Clarinete do nosso tempo tempo
Transcription
Clarinete do nosso tempo tempo
Clarinete do nosso tempo La Clarinette de notre temps ◆ ANTÓNIO SAIOTE PEDRO BURMESTER Clarinette - Clarinete Piano Clarinete do nosso tempo La Clarinette de notre temps Bernstein Munczinsky Poulenc Saint-Saëns Leonard Bernstein (1918 - 1990) 1 - 2 Sonata para Clarinete e Piano / Sonate pour clarinette et piano ........ 10.38 Robert Munczinsky (1929) 3 - 6 Time Pieces .......................................................................................... 16.27 Francis Poulenc (1899 - 1963) 7 - 9 Sonata para Clarinete e Piano / Sonate pour clarinette et piano ........ 13.14 Camille Saint-Saëns (1835 - 1921) 10 - 12 Sonata para Clarinete e Piano / Sonate pour clarinette et piano ........ 17.04 ◆ ANTÓNIO SAIOTE Clarinette - Clarinete PEDRO BURMESTER Piano ANTÓNIO SAIOTE nasceu em Loures. Terminou o Curso do Conservatório Nacional de Lisboa com 20 valores, na classe do Prof. Marcos Romão dos Reis. Foi bolseiro da Fundação Gulbenkian em Paris, onde estudou com Gúy Deplus e Jacques Lancelot. Em Munique, foi-lhe concedido o Meisterdiplom da Hochschule com Gerd Starke. Estudou com Arturo Tamayo na Universidade de Alcalá de Henares, onde se especializou em Direcção de Música do Séc. XX. Fez também seminários com Georges Hurst, em Canford (Inglaterra), e com Robert Houlian. Foi laureado no concurso Karol Kurpinski (Polónia), primeiro prémio no concurso Artes e Ideias e no concurso Novos Valores da Cultura. Foi solista e músico convidado de várias orquestras e grupos de câmara: Orquestra Mundial da Juventude, Sinfónica de Zurique, S. Carlos, Nice, Rádio Baviera, Sinfónica de Xanghai, Gulbenkian, RDP Lisboa e Porto, Quinteto Artziz, GMCL, Oficina Musical e Ensemble Português de Clarinete (do qual é director). Em concertos de câmara actua em duo com Pedro Burmester. Fez várias estreias mundiais de autores portugueses e estrangeiros. Luciano Berio, Pavarotti, Klaus Thunemann e Karl Leister, são algumas das personalidades que lhe concederam o seu aplauso público. Foi assistente da Orquestra Inter-regional em Bad- Wuttenberg com o maestro Nicolas Pasquet. Já dirigiu a Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra Invicta, Orquestra do Norte, Orquestra Clássica do Porto, Orquestra Sinfónica Portuguesa, ESMAE, Filarmónica das Beiras e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, sendo citado pela critica como "prova de que um excelente clarinetista poderá tornar-se um excelente maestro". É maestro titular e director artístico da Orquestra Académica do Porto. Dirigiu master classes na Alemanha, Brasil, Polónia, França, China, Macau, Bélgica, Hungria, Índia e Espanha. Foi presidente do júri nos concursos de Setúbal, de Gaia, do Prémio Valentino Bucchi (Roma) e membro do júri dos concursos Oktav Poppa (Roménia), Toulon e Sevilha. Dirige neste momento a licenciatura em Clarinete na ESMAE. É presidente da Associação Portuguesa de Clarinete e director artístico dos Solistas do Porto. Antonio Saiote nas suas actuações na Argentina, Brasil, Chile, Bélgica, França, Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, China, etc. .tem sabido despertar sempre o entusiasmo da critica. PEDRO BURMESTER ANTÓNIO SAIOTE Piano Clarinette - Clarinete Contact Duo Saiote/Burmester : Sónia Eirado Monteiro ([email protected]) 2 PEDRO BURMESTER nasceu no Porto onde realisou os estudos com Helena Costa no Conservatório do Porto. Posteriormente deslocou-se aos Estados Unidos tendo ai trabalhado quatro anos com Sequeira Costa, Leon Fleicher e Dmitri Paperno. Paralelamente frequentou diversas Master classes com pianistas como Karl Engel, Vladimir Ashkenasy, T. Nocolaiewa e E. Leonskaya. Ainda muito novo foi premiado em diversos concursos, destacando-se o prémio Moreira de Sá, o 2º prémio Viana da Mota e o prémio especial do júri no concurso Van Cliburn nos Estados Unidos. Iniciou a sua actividade concertística aos 10 anos de idade e desde então já realizou mais de 500 concertos a solo, com orquestra e em diversas formações de música de câmara em Portugal e no estrangeiro. Participou em todos os festivais de música portugueses e no estrangeiro são de realçar apresentações em La Roque d' Anthéron, na Salle Gaveau, no Festival de Flandres, na Frick Collection e 92nd Y em Nova Iorque, na Filarmonia de Colónia, na Gewandhaus de Leipzig, na casa Beethoven em Bona e no Concertgebouw em Amsterdão. São de destacar colaborações com os maestros Manuel Ivo Cruz, Miguel Graça Moura, Álvaro Cassuto, Omri Hadari, Gabriel Shmura, Muhai Tang, Lothar Zagrosek, Michael Zilm, Frans Bruggen e Georg Solti. Pedro Burmester tem vindo nos últimos anos a dedicar-se também à música de câmara. Mantém há dez anos um duo com a pianista Mário Laginha e actua regularmente com os violinistas Gerardo Ribeiro e Thomas Zehetmair, com os violoncelistas Anner Bylsma e Paulo Gaio Lima e com o clarinetista António Saiote. Mais recentemente formou um grupo de pianos e percussões que tem actuado com grande sucesso em diversos festivais e concertos em Portugal. Nos ultimos anos Pedro Burmester actuou em França, na Alemanha, Bélgica, Holanda, no Brasil, Estados Unidos, África do Súl, Canadá e Austrália, ainda realizou uma tournée com a prestigiada Australian Chamber Orchestra. A sua discografia inclui três CD's a solo com obras de Bach, Schumann e Schubert, um disco em duo com Mário Laginha e três gravações com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Em 1998 foi editado um novo CD a solo com obras de Chopin. Já em1999 gravou as dez sonatas para violino e piano de Beethoven com o violinista Gerardo Ribeiro. Foi durante dez anos professor na Escola Superior de Música (ESMAE) no Porto. 15 vinagre e licores fortes”) omitem-se outras que surpreendem pela sua abertura de ponto de vista: “Não é com o nosso sistema de meios-tons e notas sinónimas que se encontrará a verdade musical. Quanto muito uma aproximação. Lá virá o tempo em que o nosso ouvido, mais refinado, não se contentará com tão pouco”. Escrita em Paris, entre Maio e Junho de 1921, a Sonata para clarinete e piano testemunha a posição particular do compositor numa época em que a Sagração da Primavera de Stravinsky, o Mandarim Maravilhoso de Bartok ou Pierrot Lunaire de Schoenberg tinham já encontrado o seu público próprio. Saint-Saëns permanece fiel a uma estética com raízes em Schumann, Liszt e uma tradição francesa que remonta a Berlioz: “ Um artista pode-se renovar ; não se pode é virar do avesso como uma luva, adorar o que antes queimou sem dar azo à mais triste palinódia. Continuarei até ao fim a honrar a arte do canto, sem ser seu escravo, a considerar os acordes dissonantes como poderosos meios de expressão A minha natureza e a minha educação fizeram-me assim. Ser-me-ia impossível agir de outra forma ”. Será o pressentimento do fim (Saint-Saëns morrerá em Dezembro desse mesmo ano) ou o fruto de uma longa experiência? A Sonata encanta pela sua poesia crepuscular, o desejo de simplificação das formas, a conjugação de nostalgia e olhar distanciado sobre o mundo contemporâneo. O Lento central, centro de gravidade da obra, surpreende assim pela atmosfera de deploração religiosa, o seu encerramento na tonalidade de mi bémol menor do qual aliás jamais se afasta, o contraponto apertado dos dois instrumentos ou a conclusão apaziguada dos suaves e luminosos harpejos. Às sombras do passado – uma referência ao 2º acto de Sansão e Dalila no primeiro movimento e uma evocação de César Franck (Prelúdio, Coral e Fuga) no Lento – misturam-se digressões tonais e audacias harmónicas ( segundo movimento e final) que remetem para o mundo moderno. O conjunto é apoiado numa arquitectura firme – regresso das primeiras medidas em jeito de conclusão final. Mais do que uma verdadeira vontade cíclica, esta repetição pode ser entendida como uma interrogação sobre o passado, um olhar nostálgico passível de ser assumido como um símbolo. Jean-François Boukobza Tradução de Ana Pola 14 Clarinete do nosso tempo La Clarinette de notre temps Léonard Bernstein (1918 / 90) : Sonate pour clarinette et piano Commencée en 1941 et dédiée à David Oppenheim, la Sonate pour clarinette et piano est achevée l'année suivante, puis créée au mois d'avril 1942 par son auteur. Léonard Bernstein termine alors ses études au Curtis Institute de Philadelphie, où il approfondit sa science du piano et de la direction d'orchestre. Esprit brillant et vif, musicien éclectique, qui publie sous le pseudonyme de Lenny Amber des transcriptions de chansons populaires, Bernstein entend alors mener une triple activité de pianiste, de chef et de compositeur. Un Trio avec piano, une Sonate pour violon, des Etudes pour vents et piano et quelques musiques de scène ont déjà précédé la rédaction de la Sonate, mais seule cette dernière est jugée digne d'être publiée. Cet "opus 1" montre il est vrai, une maturité et une maîtrise technique étonnantes pour un compositeur âgé de moins de vingt-cinq ans. Tout le matériau du premier mouvement provient par exemple du thème initial - une mélodie expressive, caractérisée par ses courbes nobles et ses colorations chromatiques, qui engendre un second élément énoncé par la clarinette sur des accords légers du clavier. A ce souci d'économie s'ajoute une justesse exemplaire des proportions, à l'image du développement central, bref et sans outrance. Le second mouvement montre lui, un agencement habile d'éléments contrastés - ceux d'un andante et ceux d'un scherzo à cinq temps. Les motifs de ces deux épisodes sont étroitement apparentés tandis que la forme combine subtilement alternance de plages lentes et rapides, et disposition en rondo. Robert Muczynski (1929) : Time pieces pour clarinette et piano Compositeur américain, élève de Tcherepnine à l'université de DePaul, Robert Munczynski a fait ses débuts à New-York en 1958 comme compositeur et pianiste. Depuis cette date, il mène une triple activité d'interprète, d'enseignant (à l'université d'Arizona depuis 1965) et de compositeur, auteur d'un catalogue d'œuvres déjà conséquent. Il a illustré tous les genres, depuis la musique de film jusqu'aux ouvrages pour chœur et pour orchestre (Concerto pour piano, Sérénade pour l'été), montrant néanmoins une prédilection pour la musique de chambre et pour les instruments à vents (Sonate pour flûte, Fantasy Trio pour clarinette, violoncelle et piano, Sonate pour saxophone). Les Times pieces ont été rédigées en 1984 à l'intention du clarinettiste Mitchell Lurie. Miniatures expressives 3 plus ou moins développées, elles montrent comment une même idée mélodique peut être variée, se transformer au fil du temps et donner lieu à des séquences contrastées. Caractérisés par une succession de pièces vives et lentes, ces "fragments de temps" sont en outre rythmés par la présence de brèves cadences pour la clarinette seule. Le cycle révèle par ailleurs les influences de Walter Piston et de Samuel Barber, ainsi que le goût de Munczynski pour une écriture mélodique et lyrique, sa sensibilité néo-classique, son attachement à une tonalité enrichie de modalité et d'éléments bitonaux, son intérêt pour le jazz et son penchant pour des mouvements fondés sur la répétition de mêmes figures rythmiques. Francis Poulenc (1899 / 1963) : Sonate pour clarinette et piano Rédigée en 1962, la Sonate pour clarinette et piano résume idéalement l’esprit de divertissement et de simplicité prôné par Cocteau dans Le Coq et l’Arlequin : "Il faut que le musicien guérisse la musique de ses enlacements, de ses ruses, de ses tours de carte, qu’il l’oblige le plus possible à rester en face de l’auditeur. Un poète a toujours trop de mots dans son vocabulaire, un peintre trop de couleurs sur sa palette, un musicien trop de notes sur son clavier". Les textures cristallines, le ton léger et aérien, l'écriture parfaitement adaptée aux possibilités offertes par les instruments ou l'évitement de toute emphase révèlent en effet l'adoption de ces principes. Dédiée à la mémoire d'Arthur Honegger et créée de façon posthume par Léonard Bernstein et Benny Goodman, l'œuvre n'entend pas renouveler le plan traditionnel de la sonate ; mais si elle ne prétend pas innover, elle ne se contente pas pour autant de reprendre des architectures classées, ou de continuer une langue héritée du passé sans volonté d'originalité. Les trois mouvements qui la composent possèdent en effet leur tonalité et leur couleur dramatique propres. L'aspect rhapsodique de la forme, dû aux changements continuels d'humeur, est compensé par la structure tripartite affirmée de chacun des mouvements. Les développements superfétatoires sont écartés au profit d'épisodes au ton sans cesse changeant tandis qu'au "labeur" thématique traditionnellement requis est substitué un savoureux travail de variante, à l'image de la mélodie de l'Allegro Tristamente, qui se pare de reflets majeurs ou mineurs et prend un aspect tour à tour souriant, nostalgique ou dépressif. Mais si la sonate s'achève sur un allegro enjoué, c'est la retenue du ton et le caractère sobre et dépouillé que l'on retient en premier lieu. La Romanze centrale émeut particulièrement à cet égard, par ses ombres mineures, son climat doux et feutré, son absence d'éclat et ses répétitions de courtes cellules mélodiques qui enferment l'auditeur dans un univers mélancolique. L'élégance des lignes et les teintes automnales semblent mettre à jour l'identité vraie de l'auteur, dont on devine la personnalité complexe et bien moins frivole que celle usuellement décrite. Camille Saint-Saëns (1835 / 1921) : Sonate pour clarinette et piano "Mr Croche avait coutume, chaque fois qu'il parlait de M. C. Saint-Saëns, d'ôter gravement son chapeau et de dire d'une voix lointaine d'asthmatique : "Saint-Saëns est l'homme qui sait le mieux la musique du monde 4 Os três movimentos que a compõem possuem uma tonalidade e cor dramática próprias. O aspecto rapsódico da forma devido às alterações contínuas de humor é compensado pela estrutura tripartida acentuada de cada um dos movimentos. Desenvolvimentos supérfluos são afastados em benefício de episódios em tom de constante mudança enquanto que o “labor” emático, tradicionalmente requerido, é substituído por um saboroso trabalho de variante, à imagem da melodia do Allegro Tristamente que se adorna de reflexos maiores ou menores, alternadamente alegre, nostálgico ou depressivo. Embora a sonata termine por um allegro é a retenção do tom e o caracter sóbrio e despojado que sobressai em primeiro lugar. Nesta perspectiva a Romanze central comove particularmente pelas suas sombras menores, o seu clima ténue e suave, a ausência de brilho, as repetições de curtas células melódicas que mergulham o ouvinte num universo melódico e melancólico. A elegância das linhas e dos tons outonais parecem trazer à luz do dia a verdadeira identidade do autor onde se adivinha uma personalidade complexa e bem menos frívola do que a usualmente descrita. Camille Saint Saëns (1835/1921) : Sonata para clarinete e piano “ O Sr. Croche tinha o costume de tirar o chapéu, com gravidade, todas as vezes que falava do Sr. C. Saint-Saëns e dizia com uma voz longínqua de asmático: Saint-Saëns é o homem que mais sabe de música no mundo inteiro “. Depois acendia um horroroso pequeno charuto e continuava: “ Saint-Saëns é por definição o músico da tradição. Aceitou as condições de secura e submissão forçada, jamais se permitiu ir mais além do que aqueles que elegeu por mestres”. Apesar de alguma verdade contida nas afirmações irónicas de Debussy, mesmo com o passar dos tempos, a personalidade de Saint-Saëns nunca foi diminuida. Esquecemo-nos amiúde que este último não foi apenas um virtuoso do piano e um improvisador de génio de órgão mas também um escritor, autor de poemas, peças de teatro e de mais de quatrocentos artigos, ensaios ou crónicas, abordando não só a musica mas também a zoologia, a religião, a astronomia e a literatura. E se a justo título se retiveram certas declarações pouco gloriosas do músico (“Às regras elaboradas pouco a pouco, por uma paciente evolução de très séculos sucedeu a negação de qualquer regra, os acordes dissonantes, especiarias preciosas, tornaram-se o pão de todos os dias, regado em vez de vinho com 13 actividade tripartida como intérprete, professor (na Universidade de Arizona desde 1965) e compositor, autor de um catálogo de obras já consequente. Tendo já composto todos os géneros musicais, desde a música de filmes até a obras para coro e orquestra ( Concerto para piano, Serenata para o Verão ), revela todavia uma predilecção pela música de câmara e os instrumentos de sopro ( Sonata para flauta, Trio fantasia para clarinete, violoncelo e piano, Sonata para saxofone) . As Time pieces foram escritas em 1984 para o clarinetista Mitchell Lurie. Miniaturas expressivas mais ou menos desenvolvidas demonstram como uma mesma ideia melódica pode sofrer variações, transformar-se com o passar do tempo e dar lugar a sequências contrastadas. Caracterizados por uma sucessão de peças vivas e lentas, estes “fragmentos de tempo” são, por outro lado, ritmados pela presença de breves cadências para clarinete solo. Além disso, o ciclo revela as influências de Walter Piston e de Samuel Barber, o gosto de Munczynski por uma escrita melódica e lírica, a sua sensibilidade néo-clássica, o seu apego a uma tonalidade rica em modalidade e elementos bitonais, o interesse pelo jazz e a inclinação pelos movimentos assentes na repetição das mesmas figuras rítmicas. Francis Poulenc (1899/1963) : Sonata para clarinete e piano Em 1962, a Sonata para clarinete e piano resume magistralmente o espírito de divertimento e simplicidade preconizado por Cocteau em le Coq et l’Arlequin: “É preciso que o músico liberte a música das suas seduções, dos seus artifícios, dos seus jogos de habilidades, que a obrigue, o mais possível, a permanecer perante o ouvinte. Um poeta dispõe sempre, de demasiadas palavras, no seu vocabulário, um pintor de demasiadas cores na sua paleta; um músico de demasiadas notas no seu teclado”. As texturas cristalinas, o tom ligeiro e aéreo, a escrita perfeitamente adaptada às possibilidades oferecidas pelos instrumentos ou o evitar de todo e qualquer ênfase revelam, com efeito, a adopção destes princípios. Dedicada à memória de Arthur Honegger e criada postumamente por Léonard Bernstein e Benny Goodman, a obra não pretende renovar no plano tradicional das sonatas. Se é verdade que não pretende renovar não se contenta, porém, em retomar as arquitecturas tradicionais ou em continuar uma longa herança do passado sem vislumbre de originalidade. 12 entier". Puis il allumait un affreux petit cigare et continuait : "Saint-Saëns est par définition le musicien de tradition. Il en a accepté les conditions de sécheresse et de soumission forcée. Il ne se permit nulle part d'aller plus loin que ceux qu'il avait élus comme maîtres". Quelque soit la part de vérité contenue dans les propos ironiques de Debussy, ceux-ci n'en ont pas moins contribué, le temps passant, à réduire quelque peu la personnalité de SaintSaëns. On oublie aujourd'hui que ce dernier ne fut pas seulement un virtuose accompli du piano et un improvisateur de génie à l'orgue mais également un écrivain auteur de poèmes, de pièces de théâtre et de plus de quatre cents articles, essais, ou chroniques traitant non seulement de musique mais aussi de zoologie, de religion, d'astronomie ou de littérature. Et si l'on retient à juste titre certaines déclarations peu glorieuses du musicien ("Aux règles élaborées peu à peu, par une patiente évolution de trois siècles, a succédé la négation de toute règle. Les accords dissonants, condiments précieux sont devenus le pain quotidien, arrosé, en guise de vin, avec du vinaigre et des liqueurs fortes"), on en omet d'autres, qui étonnent par leur ouverture : "Ce n'est pas avec notre système de demi-tons et de notes synonymes que l'on peut être dans la vérité musicale. Il n'y a là qu'un à peu près, et le temps viendra peut-être où notre oreille, plus raffinée, ne s'en contentera plus." Rédigée à Paris entre les mois de mai et de juin 1921, la Sonate pour clarinette témoigne de la position particulière du compositeur à une époque où le Sacre du Printemps de Stravinsky, Le Mandarin Merveilleux de Bartok, ou le Pierrot Lunaire de Schoenberg ont déjà rencontré leur public. Saint-Saëns reste en effet fidèle à une esthétique issue à la fois de Schumann, de Liszt et d'une tradition française remontant à Berlioz : "Un artiste peut se renouveler; il ne peut se retourner comme un gant, adorer ce qu'il a brûlé, sans donner le spectacle de la plus triste palinodie. Je continuerai jusqu'à la fin à honorer l'art du chant sans me faire son esclave, à considérer les accords dissonants comme de puissants moyens d'expression dont je n'use pas sans utilité. Ma nature et mon éducation m'ont fait ainsi et il ne me serait pas possible d'agir autrement." Est-ce le pressentiment de la fin (Saint-Saëns mourra au mois de décembre de la même année) ou le fruit d'une longue expérience? la Sonate charme par sa poésie crépusculaire, son désir de simplification des formes, ou son mélange de nostalgie et de regard distancié sur le monde contemporain. Le Lento central, centre de gravité de l'œuvre, surprend ainsi par son atmosphère de déploration religieuse, son enfermement dans la tonalité de mi bémol mineur, dont on ne s'écarte jamais, son contrepoint serré des deux instruments, ou sa conclusion apaisée sur des arpèges doux et lumineux. Aux ombres du passé - une référence au IIème acte de Samson et Dalila dans le premier mouvement, une évocation de César Franck (Prélude, Choral et Fugue) dans le Lento - se mêlent des digressions tonales et des audaces harmoniques (deuxième mouvement et finale) qui renvoient au monde moderne. L'ensemble est soutenu par une architecture ferme - le retour des premières mesures en guise de conclusion finale : plutôt qu'une véritable volonté cyclique, cette reprise peut être perçue comme une interrogation sur le passé, un regard nostalgique qui peut prendre valeur de symbole. Jean-François Boukobza 5 ANTÓNIO SAIOTE a fait ses études de clarinette au Conservatoire National de Lisbonne, dans la classe du Prof. Marcos Romão dos Reis. Puis, en tant que boursier de la Fondation Gulbenkian il a continué ses études à Paris avec Guy Deplus et Jacques Lancelot. A Munich, il a obtenu le Meisterdiplom de la Hochschule avec Gerd Starke. En Espagne il s’est spécialisé dans la direction de musique du XX siècle dans l’Université de Alcalá de Henares avec Arturo Tamayo. Il a fait aussi des séminaires avec George Hurst à Cnaford, en Angleterre. Il a été lauréat du Concours Karol Kurpinski (Pologne), premier prix du concours Arts et Idées et du concours Nouvelles Valeurs de la Culture. Il a été soliste et musicien invité dans différents orchestres et groupes de chambre. Il est actuellement directeur de l’Ensemble Portugais de Clarinette. En musique de chambre il joue en duo avec le pianiste Pedro Burmester. Il a fait des créations mondiales de compositeurs portugais et étrangers. Luciano Berio, Luciano Pavarotti, Klaus Thunemann et Karl Leister, sont quelques personnalités qui lui ont exprimé publiquement leur admiration. Il a été aussi chef adjoint de l’Orchestre Inter-Régional à Bad-Wuttenberg avec le chef Nicolas Pasquet. Il a déjà dirigé l’Orchestre Symphonique de jeunes , Orchestre Invicta, Orchestre du Nord, Orchestre National de Porto, Orchestre Symphonique Portugaise, de l'ESMAE et Philarmonique des Beiras. La critique a vu en lui la "preuve qu’un excellent clarinettiste peut être aussi un excellent chef d'Orchestre." Il a donné des Master Classes en Allemagne, Brésil, Chili, Pologne, France, Chine, Macao, Belgique, Hongrie, Inde et Espagne. Il a été président du jury des concours de Setubal, Gaia, Prix Valentino Bucchi (Rome) et membre du jury des concours Oktav Poppa, Toulon et Seville Il dirige actuellement la licence de clarinette dans la ESMAE. Il est aussi le président de l’Association Portugaise de Clarinette et directeur artistique des Solistes de Porto. Ses concerts en Argentine, Brésil, Chili, Belgique, France, Allemagne, Angleterre, Chine, Inde, Etats-Unis, etc.. lui ont valu des critiques enthousiastes. Outre son activité comme soliste, il est titulaire de l’Orchestre Académique de Porto. PEDRO BURMESTER est né à Porto où il a fait ses études de piano avec Helena Costa au Conservatoire de Porto. Puist, il est parti quatre ans aux Etats-Unis travailler avec Sequeira Costa, Leon Fleisher et Dmitri Paperno. Au même temps, il a fréquenté les Master classes des pianistes tels que Karl Engel, Vladimir Ashkenazy, T. Nikolaïeva et E. Leonskaïa. Très jeune il a été lauréat de plusieurs concours et obtenu notamment le Prix Moreira de Sá, le 2ème prix Viana da Mota et le prix spécial du jury au concours Van Cliburn aux Etats-Unis. Il a commencé son activité de concertiste à l'âge de 10 ans et depuis il a réalisé de nombreux récitals, des concerts avec orchestre et de concerts de musique de chambre, au Portugal et à l’étranger, notamment à La Roque d’Anthéron, à la Salle Gaveau, au Festival de Flandres, à la Frick Collection et 92nd à New York, à la Philarmonie de Cologne, à la Gewandhaus de Leipzig, dans la maison Beethoven à Bonn et au Concertgebouw à Amsterdam. Il a collaboré avec les chefs d'orchestre Manuel Ivo Cruz, Miguel Graça Moura, Álvaro Cassuto, Omri Hadari, Gabriel Shmura, Muhai Tang, Lothar Zagrosek, Michael Zilm, Frans Brüggen et Georg Solti. Pedro Burmester s’est aussi consacré ces dernières années à la musique de chambre. Il joue depuis dix ans en duo avec la pianiste Mário Laguinha et aussi avec les violonistes Gérardo Ribeiro et Thomas Zehetmair, avec les violoncellistes Anner Bylsma et Paulo Gaio Lima et avec le clarinettiste António Saiote. Plus recement, il a formé un groupe de pianos et percussions qui s'est présenté au public avec un grand succès dans divers festivals et concerts au Portugal. Ces dernières années Pedro Burmester a joué en France, en Allemagne, Belgique, Pays-Bas, Brésil, Etats-Unis, Afrique du Sud, Canada et Australie, il a encore réalisé une tournée avec la prestigieuse Australian Chamber Orchestra. Sa discographie inclue trois CDs à solo avec des oeuvres de Bach, Schumann et Schubert, un disque en duo avec Mário Laginha et trois enregistrements avec l’Orchestre Metropolitaine de Lisbonne. En 1998, a été édité un nouveau CD solo avec des oeuvres de Chopin. Déjà en 1999, il a enregistré les dix sonates pour violon et piano de Beethoven avec le violoniste Gerardo Ribeiro. Pedro Burmester a été pendant dix ans professeur à l’Ecole Supérieure de Musique et Arts du Spectacle de Porto. 6 Clarinete do nosso tempo La Clarinette de notre temps Léonard Bernstein (1918 / 90) : Sonata para clarinete e piano Iniciada em 1941 e dedicada a David Oppenheim, a Sonata para clarinete e piano foi concluída no ano seguinte, sendo apresentada pelo autor em Abril de 1942. Léonard Bernstein terminava então os seus estudos no Curtis Institute de Filadélfia onde aprofundara a sua técnica de piano e de direcção de orquestra. Espírito brilhante e vivo, músico ecléctico que publica sob o pseudónimo de Lenny Amber transcrições de canções populares, Bernstein pretende então prosseguir uma tripla actividade de pianista, maestro e compositor. Um Trio com piano, uma Sonata para violino, Estudos para sopros e piano e algumas músicas para teatro tinham já precedido a redacção da Sonata apenas esta, porém, foi considerada digna de publicação. Este “opus 1 “ revela, é verdade, uma maturidade e uma mestria técnica espantosas para um compositor de menos de vinte e cinco anos de idade. Todo o material do primeiro movimento provem, por exemplo, do tema inicial – uma melodia expressiva, caracterizada pelas curvas nobres e colorações cromáticas que engendra um segundo elemento enunciado pelo clarinete sobre os acordes suaves do teclado. A esta preocupação de economia alia-se uma concepção exemplar de proporções tal como o desenvolvimento central, breve e sem excessos. O segundo movimento patenteia uma organização hábil de elementos contrastantes: os de um andante e os de scherzo a cinco tempos. Os motivos destes dois episódios aparentam-se e a forma combina com subtileza a alternância de momentos lentos e rápidos, a disposição em rondo. Robert Munczynski (1929) : Time pieces para clarinete e piano. Compositor americano, aluno de Tcherepnine na Universidade de DePaul, Robert Munczynski estreou-se em Nova Iorque, em 1958, como compositor e pianista. Desde então tem seguido uma 11 ANTÓNIO SAIOTE born in Loures, studied clarinet at the National Conservatory of Lisbon, in the class of Professor Marcos Romão dos Reis. Then, as a Gulbenkian Foundation grant-holder, he continued his studies in Paris with Guy Deplus and Jacques Lancelot. In Germany, he obtained the Meisterdiplom from the Munich Hochschule where he was a student of Gerd Starke’s. In Spain, he specialised in conducting 20th-century music with Arturo Tamayo at the University of Alcalá de Henares. He also attended seminars with George Hurst in Canford (England). A prize-winner at the Karol Kurpinski Competition (Poland), he has also won first prizes at the ‘Arts and Ideas’ and ‘Nouvelles Valeurs de la Culture’ competitions. A soloist and guest musician with various orchestras and chamber groups, he performs duos with pianist Pedro Burmester and is currently director of the Portuguese Clarinet Ensemble. He has premiered new works by composers both Portuguese and foreign. Luciano Berio, Luciano Pavarotti, Klaus Thunemann and Karl Leister are a few of the eminent musicians who have publicly expressed their admiration for him. He has also been assistant to conductor Nicolas Pasquet of the Inter-Regional Orchestra of Bad-Wuttenberg and has conducted the Youth Symphony Orchestra, the Invicta Orchestra, Orchestra of the North, National Orchestra of Porto, the Portuguese Symphony Orchestra of the Porto Music School, and the Beiras Philharmonic. Critics have seen in him the ‘proof that an excellent clarinettist can also be an excellent conductor’. He has given master classes in Germany, Brazil, Chile, Poland, France, China, Macao, Belgium, Hungary, India and Spain. He has been jury president at the competitions of Setubal, Gaia, the Valentino Bucchi Prize (Rome) and a member of the jury of the Oktav Poppa, Toulon and Seville competitions. He currently directs the master’s programme in clarinet at the Porto Music School. In addition, he is president of the Portuguese Clarinet Association and artistic director of the Soloists of Porto. His concerts in Argentina, Brazil, Chile, Belgium, France, Germany, England, China, India, the United States and elsewhere have won him enthusiastic reviews. PEDRO BURMESTER was born in Porto where he studied piano with Helena Costa at the Conservatory of Porto. He then went to the United States for four years to work with Sequeira Costa, Leon Fleisher and Dmitri Paperno. At the same time, he attended the master classes of pianists such as Karl Engel, Vladimir Ashkenazy, Tatiana Nikolayeva and Elisabeth Leonskaya. While still quite young, he won several competitions, including, in particular, the Moreira de Sá Prize, the Viana da Mota second prize and the special jury prize at the Van Cliburn Competition in the United States. He began his activity as a concert artist at the age of 10 and has since given numerous recitals, concerts with orchestra and chamber music performances, in Portugal and abroad, notably at La Roque d’Anthéron, the Salle Gaveau in Paris, the Flanders Festival, the Frick Collection and the 92nd Street Y in New York, Cologne, the Leipzig Gewandhaus, Beethoven’s house in Bonn and the Concertgebouw in Amsterdam. He has collaborated with conductors such as Manuel Ivo Cruz, Miguel Graça Moura, Álvaro Cassuto, Omri Hadari, Gabriel Shmura, Muhai Tang, Lothar Zagrosek, Michael Zilm, Frans Brüggen and Sir Georg Solti. In recent years, Pedro Burmester has also devoted himself to chamber music. For the past decade, he has formed a duo with pianist Mário Laguinha as well as with violinists Gérardo Ribeiro and Thomas Zehetmair, cellists Anner Bylsma and Paulo Gaio Lima, and with clarinettist António Saiote. More recently, he created a group of pianos and percussion which has performed with great success in various festivals and concerts throughout Portugal. In the past few years, Pedro Burmester has played in France, Germany, Belgium, the Netherlands, Brazil, the United States, South Africa, Canada and Australia, doing a concert tour with the prestigious Australian Chamber Orchestra. His discography includes three solo CDs with works by Bach, Schumann and Schubert, a disc in duo with Mário Laginha, and three recordings with the Metropolitan Orchestra of Lisbon. In 1998, he released a new solo CD devoted to Chopin and, the following year, recorded Beethoven’s 10 Sonatas for violin and piano with violinist Gérardo Ribeiro. Pedro Burmester was a professor at the Graduate School of Music and Performing Arts in Porto for ten years. 10 Clarinete do nosso tempo Twentieth-Century Clarinet Leonard Bernstein (1918-90): Sonata for Clarinet and Piano Begun in 1941 and dedicated to David Oppenheim, the Sonata for Clarinet and Piano was completed the following year, and first performed in April 1942 by the composer. Leonard Bernstein was then finishing his studies at the Curtis Institute of Philadelphia, where he was honing his piano and conducting skills. A brilliant, lively mind and eclectic musician who, under the pseudonym of Lenny Amber, published transcriptions of popular songs, Bernstein at the time intended on a triple career as pianist, conductor and composer. A Piano Trio, a Violin Sonata, Etudes for winds and piano and some incidental music preceded the writing of this Sonata, but it alone was deemed worthy of being published. This ‘Opus 1’ indeed reveals astonishing maturity and technical mastery for a composer not yet twenty-five. All the first-movement material, for example, comes from the opening theme—an expressive melody, characterised by these noble curves and chromatic shadings, which engenders a second element stated by the clarinet over light keyboard chords. To this concern for economy is added an exemplary sense of proportion, in keeping with the central development, brief and free of excess. The second movement reveals a skilful ordering of contrasted elements—those of an andante and those of a five-beat scherzo. The motifs of these two episodes are closely related, whereas the form subtly combines alternation of slow and fast segments, and is laid out as a rondo. Robert Munczynski (1929): Time pieces for clarinet and piano American composer, student of Alexander Tcherepnin at De Paul University in Chicago, Robert Munczynski made his debut a composer and pianist in New York in 1958. Since that time, he has led a triple career as performer, teacher (at the University of Arizona since 1965) and composer, with a sizeable catalogue of works. He has worked in all genres, from film scores to choral and orchestral works (Piano Concerto, Serenade for Summer), while showing a predilection for chamber music and wind instruments (Flute Sonata, Fantasy Trio for clarinet, cello and piano, Saxophone Sonata). The Time Pieces were written in 1984 for clarinettist Mitchell Lurie. These expressive, more or less developed miniatures demonstrate how one melodic idea can be varied, transformed over time and give rise to contrasted 7 sequences. Characterised by a succession of slow and fast pieces, these ‘fragments of time’ are, in addition, punctuated by the presence of short cadenzas for the solo clarinet. Moreover, the cycle reveals the influences of Walter Piston and Samuel Barber, as well as Munczynski’s taste for a melodic, lyrical style, a neo-classical sensitivity, fondness for tonality enriched by modality and bi-tonal elements, an interest in jazz and a penchant for movements based on the repetition of the same rhythmic figures. Francis Poulenc (1899-1963) : Sonata for Clarinet and Piano Written in 1962, the Sonata for Clarinet and Piano ideally epitomises the spirit of divertissement and simplicity extolled by Cocteau in Le Coq et l’Arlequin: ‘The musician must cure music of its intertwinings, its ruses, its card tricks; he must oblige it, as far as possible, to remain facing the listener. A poet always has too many words in his vocabulary, a painter too many colours on his palette, a musician too many notes on his keyboard’. The crystalline textures, the light, airy tone, the writing perfectly adapted to the possibilities offered by the instruments and the avoidance of all emphasis reveal, in fact, the adoption of these principles. Dedicated to the memory of Arthur Honegger and premiered posthumously by Leonard Bernstein and Benny Goodman, the work does not seek to renew the traditional sonata outline; and even though it makes no pretence of innovating, nor does it settle for simply rehashing established structures or carrying on a language inherited from the past without a will for originality. In fact, the three movements of which it is made up possess their own tonality and dramatic colour. The form’s rhapsodic nature, due to the constant mood changes, is compensated for by the affirmed tripartite structure of each of its movements. Superfluous developments are excluded in favour of episodes whose tone changes constantly, whereas the traditionally required thematic ‘labour’ is replaced by a savoury variant process, in keeping with the melody of the Allegro Tristamente, which is decked out in major or minor glints and is, in turn, cheerful, nostalgic or depressive. But even though the sonata ends with a lively Allegro, it is the reserved tone and the sober, unadorned character which one tends firstly to remember. Particularly moving in this regard is the central Romanza, with its shadows in minor, its soft, muffled atmosphere, its lack of brilliance and the repetition of short melodic cells that enclose the listener in a tuneful, melancholy universe. The elegance of the lines and the autumnal hues seem to bring up to date the true identity of the composer, whose personality we realise was more complex and far less frivolous than is usually described. Camille Saint-Saëns (1835-1921): Sonata for Clarinet and Piano He has accepted all its conditions of dryness and forced submission. Nowhere does he allow himself to go further than those he has elected as masters”. Regardless of the degree of truth contained in Debussy’s ironic remarks, they have nonetheless contributed, as time goes by, to reducing somewhat the personality of Saint-Saëns. Today, we tend to forget that he was not only an accomplished piano virtuoso and a brilliant improviser on the organ, but also a writer, author of poems, plays and more than 400 articles, essays and chronicles dealing not only with music but also zoology, religion, astronomy and literature. And whereas we may rightly remember certain scarcely glorious declarations made by the musician (‘The rules that gradually developed, through a patient evolution over three centuries, have given way to the negation of all rules. Dissonant chords, precious condiments, have become daily bread, washed down, in the place of wine, by vinegar and strong liqueurs’), we tend to overlook others, which are surprising in their openness: ‘It is not with our system of semi-tones and synonymous notes that one can be in musical truth. That is only an approximation, and perhaps the time will come when our ear, more refined, will no longer settle for that.’ Written in Paris between the months of May and June 1921, the Clarinet Sonata attests to the peculiar position of the composer in an era when Stravinsky’s Le Sacre du printemps, Bartók’s Miraculous Mandarin, and Schoenberg’s Pierrot lunaire had already been introduced to the public. Saint-Saëns indeed remained faithful to an aesthetic stemming from Schumann, Liszt and a French tradition going back to Berlioz: ‘An artist can renew himself; he cannot turn himself inside-out like a glove or worship what he has burnt, without producing a show of the saddest palinode. Up to the very end shall I continue to honour the art of singing without making myself its slave and consider dissonant chords as powerful means of expression not to be employed uselessly. My nature and my upbringing made me thus, and it would not be possible for me to act otherwise.’ Was this the premonition of the end (Saint-Saëns would die in December of that same year) or the fruit of long experience? The Sonata charms with its crepuscular poetry, its desire to simplify forms, and its blend of nostalgia and a detached look at the contemporary world. The Lento, the work’s centre of gravity, thus surprises with its atmosphere of religious lament, its confinement within the key of E flat minor, from which he never varies, the tight counterpoint of the two instruments, and the peaceful conclusion over soft, luminous arpeggios. With shades from the past—a reference to Act II of Samson et Dalila in the first movement, an evocation of César Franck (Prelude, Chorale and Fugue) in the Lento—are combined tonal digressions and harmonic boldness (second movement and finale) that refer to the modern era. The whole is supported by a firm structure—the return of the opening bars by way of final conclusion: rather than a true cyclical intention, this reprise may be perceived as an interrogation about the past, a nostalgic glance that can be seen as a symbol. Jean-François Boukobza Translated by John Tyler Tuttle ‘Mr Croche was accustomed, every time he spoke of Monsieur C. Saint-Saëns, to gravely removing his hat and, with the faraway voice of an asthmatic, say: "Saint-Saëns is the man who best knows the music of the whole world”. Then he would light a horrid little cigar and continue: "Saint-Saëns is, by definition, the musician of tradition. 8 9 sequences. Characterised by a succession of slow and fast pieces, these ‘fragments of time’ are, in addition, punctuated by the presence of short cadenzas for the solo clarinet. Moreover, the cycle reveals the influences of Walter Piston and Samuel Barber, as well as Munczynski’s taste for a melodic, lyrical style, a neo-classical sensitivity, fondness for tonality enriched by modality and bi-tonal elements, an interest in jazz and a penchant for movements based on the repetition of the same rhythmic figures. Francis Poulenc (1899-1963) : Sonata for Clarinet and Piano Written in 1962, the Sonata for Clarinet and Piano ideally epitomises the spirit of divertissement and simplicity extolled by Cocteau in Le Coq et l’Arlequin: ‘The musician must cure music of its intertwinings, its ruses, its card tricks; he must oblige it, as far as possible, to remain facing the listener. A poet always has too many words in his vocabulary, a painter too many colours on his palette, a musician too many notes on his keyboard’. The crystalline textures, the light, airy tone, the writing perfectly adapted to the possibilities offered by the instruments and the avoidance of all emphasis reveal, in fact, the adoption of these principles. Dedicated to the memory of Arthur Honegger and premiered posthumously by Leonard Bernstein and Benny Goodman, the work does not seek to renew the traditional sonata outline; and even though it makes no pretence of innovating, nor does it settle for simply rehashing established structures or carrying on a language inherited from the past without a will for originality. In fact, the three movements of which it is made up possess their own tonality and dramatic colour. The form’s rhapsodic nature, due to the constant mood changes, is compensated for by the affirmed tripartite structure of each of its movements. Superfluous developments are excluded in favour of episodes whose tone changes constantly, whereas the traditionally required thematic ‘labour’ is replaced by a savoury variant process, in keeping with the melody of the Allegro Tristamente, which is decked out in major or minor glints and is, in turn, cheerful, nostalgic or depressive. But even though the sonata ends with a lively Allegro, it is the reserved tone and the sober, unadorned character which one tends firstly to remember. Particularly moving in this regard is the central Romanza, with its shadows in minor, its soft, muffled atmosphere, its lack of brilliance and the repetition of short melodic cells that enclose the listener in a tuneful, melancholy universe. The elegance of the lines and the autumnal hues seem to bring up to date the true identity of the composer, whose personality we realise was more complex and far less frivolous than is usually described. Camille Saint-Saëns (1835-1921): Sonata for Clarinet and Piano He has accepted all its conditions of dryness and forced submission. Nowhere does he allow himself to go further than those he has elected as masters”. Regardless of the degree of truth contained in Debussy’s ironic remarks, they have nonetheless contributed, as time goes by, to reducing somewhat the personality of Saint-Saëns. Today, we tend to forget that he was not only an accomplished piano virtuoso and a brilliant improviser on the organ, but also a writer, author of poems, plays and more than 400 articles, essays and chronicles dealing not only with music but also zoology, religion, astronomy and literature. And whereas we may rightly remember certain scarcely glorious declarations made by the musician (‘The rules that gradually developed, through a patient evolution over three centuries, have given way to the negation of all rules. Dissonant chords, precious condiments, have become daily bread, washed down, in the place of wine, by vinegar and strong liqueurs’), we tend to overlook others, which are surprising in their openness: ‘It is not with our system of semi-tones and synonymous notes that one can be in musical truth. That is only an approximation, and perhaps the time will come when our ear, more refined, will no longer settle for that.’ Written in Paris between the months of May and June 1921, the Clarinet Sonata attests to the peculiar position of the composer in an era when Stravinsky’s Le Sacre du printemps, Bartók’s Miraculous Mandarin, and Schoenberg’s Pierrot lunaire had already been introduced to the public. Saint-Saëns indeed remained faithful to an aesthetic stemming from Schumann, Liszt and a French tradition going back to Berlioz: ‘An artist can renew himself; he cannot turn himself inside-out like a glove or worship what he has burnt, without producing a show of the saddest palinode. Up to the very end shall I continue to honour the art of singing without making myself its slave and consider dissonant chords as powerful means of expression not to be employed uselessly. My nature and my upbringing made me thus, and it would not be possible for me to act otherwise.’ Was this the premonition of the end (Saint-Saëns would die in December of that same year) or the fruit of long experience? The Sonata charms with its crepuscular poetry, its desire to simplify forms, and its blend of nostalgia and a detached look at the contemporary world. The Lento, the work’s centre of gravity, thus surprises with its atmosphere of religious lament, its confinement within the key of E flat minor, from which he never varies, the tight counterpoint of the two instruments, and the peaceful conclusion over soft, luminous arpeggios. With shades from the past—a reference to Act II of Samson et Dalila in the first movement, an evocation of César Franck (Prelude, Chorale and Fugue) in the Lento—are combined tonal digressions and harmonic boldness (second movement and finale) that refer to the modern era. The whole is supported by a firm structure—the return of the opening bars by way of final conclusion: rather than a true cyclical intention, this reprise may be perceived as an interrogation about the past, a nostalgic glance that can be seen as a symbol. Jean-François Boukobza Translated by John Tyler Tuttle ‘Mr Croche was accustomed, every time he spoke of Monsieur C. Saint-Saëns, to gravely removing his hat and, with the faraway voice of an asthmatic, say: "Saint-Saëns is the man who best knows the music of the whole world”. Then he would light a horrid little cigar and continue: "Saint-Saëns is, by definition, the musician of tradition. 8 9 ANTÓNIO SAIOTE born in Loures, studied clarinet at the National Conservatory of Lisbon, in the class of Professor Marcos Romão dos Reis. Then, as a Gulbenkian Foundation grant-holder, he continued his studies in Paris with Guy Deplus and Jacques Lancelot. In Germany, he obtained the Meisterdiplom from the Munich Hochschule where he was a student of Gerd Starke’s. In Spain, he specialised in conducting 20th-century music with Arturo Tamayo at the University of Alcalá de Henares. He also attended seminars with George Hurst in Canford (England). A prize-winner at the Karol Kurpinski Competition (Poland), he has also won first prizes at the ‘Arts and Ideas’ and ‘Nouvelles Valeurs de la Culture’ competitions. A soloist and guest musician with various orchestras and chamber groups, he performs duos with pianist Pedro Burmester and is currently director of the Portuguese Clarinet Ensemble. He has premiered new works by composers both Portuguese and foreign. Luciano Berio, Luciano Pavarotti, Klaus Thunemann and Karl Leister are a few of the eminent musicians who have publicly expressed their admiration for him. He has also been assistant to conductor Nicolas Pasquet of the Inter-Regional Orchestra of Bad-Wuttenberg and has conducted the Youth Symphony Orchestra, the Invicta Orchestra, Orchestra of the North, National Orchestra of Porto, the Portuguese Symphony Orchestra of the Porto Music School, and the Beiras Philharmonic. Critics have seen in him the ‘proof that an excellent clarinettist can also be an excellent conductor’. He has given master classes in Germany, Brazil, Chile, Poland, France, China, Macao, Belgium, Hungary, India and Spain. He has been jury president at the competitions of Setubal, Gaia, the Valentino Bucchi Prize (Rome) and a member of the jury of the Oktav Poppa, Toulon and Seville competitions. He currently directs the master’s programme in clarinet at the Porto Music School. In addition, he is president of the Portuguese Clarinet Association and artistic director of the Soloists of Porto. His concerts in Argentina, Brazil, Chile, Belgium, France, Germany, England, China, India, the United States and elsewhere have won him enthusiastic reviews. PEDRO BURMESTER was born in Porto where he studied piano with Helena Costa at the Conservatory of Porto. He then went to the United States for four years to work with Sequeira Costa, Leon Fleisher and Dmitri Paperno. At the same time, he attended the master classes of pianists such as Karl Engel, Vladimir Ashkenazy, Tatiana Nikolayeva and Elisabeth Leonskaya. While still quite young, he won several competitions, including, in particular, the Moreira de Sá Prize, the Viana da Mota second prize and the special jury prize at the Van Cliburn Competition in the United States. He began his activity as a concert artist at the age of 10 and has since given numerous recitals, concerts with orchestra and chamber music performances, in Portugal and abroad, notably at La Roque d’Anthéron, the Salle Gaveau in Paris, the Flanders Festival, the Frick Collection and the 92nd Street Y in New York, Cologne, the Leipzig Gewandhaus, Beethoven’s house in Bonn and the Concertgebouw in Amsterdam. He has collaborated with conductors such as Manuel Ivo Cruz, Miguel Graça Moura, Álvaro Cassuto, Omri Hadari, Gabriel Shmura, Muhai Tang, Lothar Zagrosek, Michael Zilm, Frans Brüggen and Sir Georg Solti. In recent years, Pedro Burmester has also devoted himself to chamber music. For the past decade, he has formed a duo with pianist Mário Laguinha as well as with violinists Gérardo Ribeiro and Thomas Zehetmair, cellists Anner Bylsma and Paulo Gaio Lima, and with clarinettist António Saiote. More recently, he created a group of pianos and percussion which has performed with great success in various festivals and concerts throughout Portugal. In the past few years, Pedro Burmester has played in France, Germany, Belgium, the Netherlands, Brazil, the United States, South Africa, Canada and Australia, doing a concert tour with the prestigious Australian Chamber Orchestra. His discography includes three solo CDs with works by Bach, Schumann and Schubert, a disc in duo with Mário Laginha, and three recordings with the Metropolitan Orchestra of Lisbon. In 1998, he released a new solo CD devoted to Chopin and, the following year, recorded Beethoven’s 10 Sonatas for violin and piano with violinist Gérardo Ribeiro. Pedro Burmester was a professor at the Graduate School of Music and Performing Arts in Porto for ten years. 10 Clarinete do nosso tempo Twentieth-Century Clarinet Leonard Bernstein (1918-90): Sonata for Clarinet and Piano Begun in 1941 and dedicated to David Oppenheim, the Sonata for Clarinet and Piano was completed the following year, and first performed in April 1942 by the composer. Leonard Bernstein was then finishing his studies at the Curtis Institute of Philadelphia, where he was honing his piano and conducting skills. A brilliant, lively mind and eclectic musician who, under the pseudonym of Lenny Amber, published transcriptions of popular songs, Bernstein at the time intended on a triple career as pianist, conductor and composer. A Piano Trio, a Violin Sonata, Etudes for winds and piano and some incidental music preceded the writing of this Sonata, but it alone was deemed worthy of being published. This ‘Opus 1’ indeed reveals astonishing maturity and technical mastery for a composer not yet twenty-five. All the first-movement material, for example, comes from the opening theme—an expressive melody, characterised by these noble curves and chromatic shadings, which engenders a second element stated by the clarinet over light keyboard chords. To this concern for economy is added an exemplary sense of proportion, in keeping with the central development, brief and free of excess. The second movement reveals a skilful ordering of contrasted elements—those of an andante and those of a five-beat scherzo. The motifs of these two episodes are closely related, whereas the form subtly combines alternation of slow and fast segments, and is laid out as a rondo. Robert Munczynski (1929): Time pieces for clarinet and piano American composer, student of Alexander Tcherepnin at De Paul University in Chicago, Robert Munczynski made his debut a composer and pianist in New York in 1958. Since that time, he has led a triple career as performer, teacher (at the University of Arizona since 1965) and composer, with a sizeable catalogue of works. He has worked in all genres, from film scores to choral and orchestral works (Piano Concerto, Serenade for Summer), while showing a predilection for chamber music and wind instruments (Flute Sonata, Fantasy Trio for clarinet, cello and piano, Saxophone Sonata). The Time Pieces were written in 1984 for clarinettist Mitchell Lurie. These expressive, more or less developed miniatures demonstrate how one melodic idea can be varied, transformed over time and give rise to contrasted 7 ANTÓNIO SAIOTE a fait ses études de clarinette au Conservatoire National de Lisbonne, dans la classe du Prof. Marcos Romão dos Reis. Puis, en tant que boursier de la Fondation Gulbenkian il a continué ses études à Paris avec Guy Deplus et Jacques Lancelot. A Munich, il a obtenu le Meisterdiplom de la Hochschule avec Gerd Starke. En Espagne il s’est spécialisé dans la direction de musique du XX siècle dans l’Université de Alcalá de Henares avec Arturo Tamayo. Il a fait aussi des séminaires avec George Hurst à Cnaford, en Angleterre. Il a été lauréat du Concours Karol Kurpinski (Pologne), premier prix du concours Arts et Idées et du concours Nouvelles Valeurs de la Culture. Il a été soliste et musicien invité dans différents orchestres et groupes de chambre. Il est actuellement directeur de l’Ensemble Portugais de Clarinette. En musique de chambre il joue en duo avec le pianiste Pedro Burmester. Il a fait des créations mondiales de compositeurs portugais et étrangers. Luciano Berio, Luciano Pavarotti, Klaus Thunemann et Karl Leister, sont quelques personnalités qui lui ont exprimé publiquement leur admiration. Il a été aussi chef adjoint de l’Orchestre Inter-Régional à Bad-Wuttenberg avec le chef Nicolas Pasquet. Il a déjà dirigé l’Orchestre Symphonique de jeunes , Orchestre Invicta, Orchestre du Nord, Orchestre National de Porto, Orchestre Symphonique Portugaise, de l'ESMAE et Philarmonique des Beiras. La critique a vu en lui la "preuve qu’un excellent clarinettiste peut être aussi un excellent chef d'Orchestre." Il a donné des Master Classes en Allemagne, Brésil, Chili, Pologne, France, Chine, Macao, Belgique, Hongrie, Inde et Espagne. Il a été président du jury des concours de Setubal, Gaia, Prix Valentino Bucchi (Rome) et membre du jury des concours Oktav Poppa, Toulon et Seville Il dirige actuellement la licence de clarinette dans la ESMAE. Il est aussi le président de l’Association Portugaise de Clarinette et directeur artistique des Solistes de Porto. Ses concerts en Argentine, Brésil, Chili, Belgique, France, Allemagne, Angleterre, Chine, Inde, Etats-Unis, etc.. lui ont valu des critiques enthousiastes. Outre son activité comme soliste, il est titulaire de l’Orchestre Académique de Porto. PEDRO BURMESTER est né à Porto où il a fait ses études de piano avec Helena Costa au Conservatoire de Porto. Puist, il est parti quatre ans aux Etats-Unis travailler avec Sequeira Costa, Leon Fleisher et Dmitri Paperno. Au même temps, il a fréquenté les Master classes des pianistes tels que Karl Engel, Vladimir Ashkenazy, T. Nikolaïeva et E. Leonskaïa. Très jeune il a été lauréat de plusieurs concours et obtenu notamment le Prix Moreira de Sá, le 2ème prix Viana da Mota et le prix spécial du jury au concours Van Cliburn aux Etats-Unis. Il a commencé son activité de concertiste à l'âge de 10 ans et depuis il a réalisé de nombreux récitals, des concerts avec orchestre et de concerts de musique de chambre, au Portugal et à l’étranger, notamment à La Roque d’Anthéron, à la Salle Gaveau, au Festival de Flandres, à la Frick Collection et 92nd à New York, à la Philarmonie de Cologne, à la Gewandhaus de Leipzig, dans la maison Beethoven à Bonn et au Concertgebouw à Amsterdam. Il a collaboré avec les chefs d'orchestre Manuel Ivo Cruz, Miguel Graça Moura, Álvaro Cassuto, Omri Hadari, Gabriel Shmura, Muhai Tang, Lothar Zagrosek, Michael Zilm, Frans Brüggen et Georg Solti. Pedro Burmester s’est aussi consacré ces dernières années à la musique de chambre. Il joue depuis dix ans en duo avec la pianiste Mário Laguinha et aussi avec les violonistes Gérardo Ribeiro et Thomas Zehetmair, avec les violoncellistes Anner Bylsma et Paulo Gaio Lima et avec le clarinettiste António Saiote. Plus recement, il a formé un groupe de pianos et percussions qui s'est présenté au public avec un grand succès dans divers festivals et concerts au Portugal. Ces dernières années Pedro Burmester a joué en France, en Allemagne, Belgique, Pays-Bas, Brésil, Etats-Unis, Afrique du Sud, Canada et Australie, il a encore réalisé une tournée avec la prestigieuse Australian Chamber Orchestra. Sa discographie inclue trois CDs à solo avec des oeuvres de Bach, Schumann et Schubert, un disque en duo avec Mário Laginha et trois enregistrements avec l’Orchestre Metropolitaine de Lisbonne. En 1998, a été édité un nouveau CD solo avec des oeuvres de Chopin. Déjà en 1999, il a enregistré les dix sonates pour violon et piano de Beethoven avec le violoniste Gerardo Ribeiro. Pedro Burmester a été pendant dix ans professeur à l’Ecole Supérieure de Musique et Arts du Spectacle de Porto. 6 Clarinete do nosso tempo La Clarinette de notre temps Léonard Bernstein (1918 / 90) : Sonata para clarinete e piano Iniciada em 1941 e dedicada a David Oppenheim, a Sonata para clarinete e piano foi concluída no ano seguinte, sendo apresentada pelo autor em Abril de 1942. Léonard Bernstein terminava então os seus estudos no Curtis Institute de Filadélfia onde aprofundara a sua técnica de piano e de direcção de orquestra. Espírito brilhante e vivo, músico ecléctico que publica sob o pseudónimo de Lenny Amber transcrições de canções populares, Bernstein pretende então prosseguir uma tripla actividade de pianista, maestro e compositor. Um Trio com piano, uma Sonata para violino, Estudos para sopros e piano e algumas músicas para teatro tinham já precedido a redacção da Sonata apenas esta, porém, foi considerada digna de publicação. Este “opus 1 “ revela, é verdade, uma maturidade e uma mestria técnica espantosas para um compositor de menos de vinte e cinco anos de idade. Todo o material do primeiro movimento provem, por exemplo, do tema inicial – uma melodia expressiva, caracterizada pelas curvas nobres e colorações cromáticas que engendra um segundo elemento enunciado pelo clarinete sobre os acordes suaves do teclado. A esta preocupação de economia alia-se uma concepção exemplar de proporções tal como o desenvolvimento central, breve e sem excessos. O segundo movimento patenteia uma organização hábil de elementos contrastantes: os de um andante e os de scherzo a cinco tempos. Os motivos destes dois episódios aparentam-se e a forma combina com subtileza a alternância de momentos lentos e rápidos, a disposição em rondo. Robert Munczynski (1929) : Time pieces para clarinete e piano. Compositor americano, aluno de Tcherepnine na Universidade de DePaul, Robert Munczynski estreou-se em Nova Iorque, em 1958, como compositor e pianista. Desde então tem seguido uma 11 actividade tripartida como intérprete, professor (na Universidade de Arizona desde 1965) e compositor, autor de um catálogo de obras já consequente. Tendo já composto todos os géneros musicais, desde a música de filmes até a obras para coro e orquestra ( Concerto para piano, Serenata para o Verão ), revela todavia uma predilecção pela música de câmara e os instrumentos de sopro ( Sonata para flauta, Trio fantasia para clarinete, violoncelo e piano, Sonata para saxofone) . As Time pieces foram escritas em 1984 para o clarinetista Mitchell Lurie. Miniaturas expressivas mais ou menos desenvolvidas demonstram como uma mesma ideia melódica pode sofrer variações, transformar-se com o passar do tempo e dar lugar a sequências contrastadas. Caracterizados por uma sucessão de peças vivas e lentas, estes “fragmentos de tempo” são, por outro lado, ritmados pela presença de breves cadências para clarinete solo. Além disso, o ciclo revela as influências de Walter Piston e de Samuel Barber, o gosto de Munczynski por uma escrita melódica e lírica, a sua sensibilidade néo-clássica, o seu apego a uma tonalidade rica em modalidade e elementos bitonais, o interesse pelo jazz e a inclinação pelos movimentos assentes na repetição das mesmas figuras rítmicas. Francis Poulenc (1899/1963) : Sonata para clarinete e piano Em 1962, a Sonata para clarinete e piano resume magistralmente o espírito de divertimento e simplicidade preconizado por Cocteau em le Coq et l’Arlequin: “É preciso que o músico liberte a música das suas seduções, dos seus artifícios, dos seus jogos de habilidades, que a obrigue, o mais possível, a permanecer perante o ouvinte. Um poeta dispõe sempre, de demasiadas palavras, no seu vocabulário, um pintor de demasiadas cores na sua paleta; um músico de demasiadas notas no seu teclado”. As texturas cristalinas, o tom ligeiro e aéreo, a escrita perfeitamente adaptada às possibilidades oferecidas pelos instrumentos ou o evitar de todo e qualquer ênfase revelam, com efeito, a adopção destes princípios. Dedicada à memória de Arthur Honegger e criada postumamente por Léonard Bernstein e Benny Goodman, a obra não pretende renovar no plano tradicional das sonatas. Se é verdade que não pretende renovar não se contenta, porém, em retomar as arquitecturas tradicionais ou em continuar uma longa herança do passado sem vislumbre de originalidade. 12 entier". Puis il allumait un affreux petit cigare et continuait : "Saint-Saëns est par définition le musicien de tradition. Il en a accepté les conditions de sécheresse et de soumission forcée. Il ne se permit nulle part d'aller plus loin que ceux qu'il avait élus comme maîtres". Quelque soit la part de vérité contenue dans les propos ironiques de Debussy, ceux-ci n'en ont pas moins contribué, le temps passant, à réduire quelque peu la personnalité de SaintSaëns. On oublie aujourd'hui que ce dernier ne fut pas seulement un virtuose accompli du piano et un improvisateur de génie à l'orgue mais également un écrivain auteur de poèmes, de pièces de théâtre et de plus de quatre cents articles, essais, ou chroniques traitant non seulement de musique mais aussi de zoologie, de religion, d'astronomie ou de littérature. Et si l'on retient à juste titre certaines déclarations peu glorieuses du musicien ("Aux règles élaborées peu à peu, par une patiente évolution de trois siècles, a succédé la négation de toute règle. Les accords dissonants, condiments précieux sont devenus le pain quotidien, arrosé, en guise de vin, avec du vinaigre et des liqueurs fortes"), on en omet d'autres, qui étonnent par leur ouverture : "Ce n'est pas avec notre système de demi-tons et de notes synonymes que l'on peut être dans la vérité musicale. Il n'y a là qu'un à peu près, et le temps viendra peut-être où notre oreille, plus raffinée, ne s'en contentera plus." Rédigée à Paris entre les mois de mai et de juin 1921, la Sonate pour clarinette témoigne de la position particulière du compositeur à une époque où le Sacre du Printemps de Stravinsky, Le Mandarin Merveilleux de Bartok, ou le Pierrot Lunaire de Schoenberg ont déjà rencontré leur public. Saint-Saëns reste en effet fidèle à une esthétique issue à la fois de Schumann, de Liszt et d'une tradition française remontant à Berlioz : "Un artiste peut se renouveler; il ne peut se retourner comme un gant, adorer ce qu'il a brûlé, sans donner le spectacle de la plus triste palinodie. Je continuerai jusqu'à la fin à honorer l'art du chant sans me faire son esclave, à considérer les accords dissonants comme de puissants moyens d'expression dont je n'use pas sans utilité. Ma nature et mon éducation m'ont fait ainsi et il ne me serait pas possible d'agir autrement." Est-ce le pressentiment de la fin (Saint-Saëns mourra au mois de décembre de la même année) ou le fruit d'une longue expérience? la Sonate charme par sa poésie crépusculaire, son désir de simplification des formes, ou son mélange de nostalgie et de regard distancié sur le monde contemporain. Le Lento central, centre de gravité de l'œuvre, surprend ainsi par son atmosphère de déploration religieuse, son enfermement dans la tonalité de mi bémol mineur, dont on ne s'écarte jamais, son contrepoint serré des deux instruments, ou sa conclusion apaisée sur des arpèges doux et lumineux. Aux ombres du passé - une référence au IIème acte de Samson et Dalila dans le premier mouvement, une évocation de César Franck (Prélude, Choral et Fugue) dans le Lento - se mêlent des digressions tonales et des audaces harmoniques (deuxième mouvement et finale) qui renvoient au monde moderne. L'ensemble est soutenu par une architecture ferme - le retour des premières mesures en guise de conclusion finale : plutôt qu'une véritable volonté cyclique, cette reprise peut être perçue comme une interrogation sur le passé, un regard nostalgique qui peut prendre valeur de symbole. Jean-François Boukobza 5 plus ou moins développées, elles montrent comment une même idée mélodique peut être variée, se transformer au fil du temps et donner lieu à des séquences contrastées. Caractérisés par une succession de pièces vives et lentes, ces "fragments de temps" sont en outre rythmés par la présence de brèves cadences pour la clarinette seule. Le cycle révèle par ailleurs les influences de Walter Piston et de Samuel Barber, ainsi que le goût de Munczynski pour une écriture mélodique et lyrique, sa sensibilité néo-classique, son attachement à une tonalité enrichie de modalité et d'éléments bitonaux, son intérêt pour le jazz et son penchant pour des mouvements fondés sur la répétition de mêmes figures rythmiques. Francis Poulenc (1899 / 1963) : Sonate pour clarinette et piano Rédigée en 1962, la Sonate pour clarinette et piano résume idéalement l’esprit de divertissement et de simplicité prôné par Cocteau dans Le Coq et l’Arlequin : "Il faut que le musicien guérisse la musique de ses enlacements, de ses ruses, de ses tours de carte, qu’il l’oblige le plus possible à rester en face de l’auditeur. Un poète a toujours trop de mots dans son vocabulaire, un peintre trop de couleurs sur sa palette, un musicien trop de notes sur son clavier". Les textures cristallines, le ton léger et aérien, l'écriture parfaitement adaptée aux possibilités offertes par les instruments ou l'évitement de toute emphase révèlent en effet l'adoption de ces principes. Dédiée à la mémoire d'Arthur Honegger et créée de façon posthume par Léonard Bernstein et Benny Goodman, l'œuvre n'entend pas renouveler le plan traditionnel de la sonate ; mais si elle ne prétend pas innover, elle ne se contente pas pour autant de reprendre des architectures classées, ou de continuer une langue héritée du passé sans volonté d'originalité. Les trois mouvements qui la composent possèdent en effet leur tonalité et leur couleur dramatique propres. L'aspect rhapsodique de la forme, dû aux changements continuels d'humeur, est compensé par la structure tripartite affirmée de chacun des mouvements. Les développements superfétatoires sont écartés au profit d'épisodes au ton sans cesse changeant tandis qu'au "labeur" thématique traditionnellement requis est substitué un savoureux travail de variante, à l'image de la mélodie de l'Allegro Tristamente, qui se pare de reflets majeurs ou mineurs et prend un aspect tour à tour souriant, nostalgique ou dépressif. Mais si la sonate s'achève sur un allegro enjoué, c'est la retenue du ton et le caractère sobre et dépouillé que l'on retient en premier lieu. La Romanze centrale émeut particulièrement à cet égard, par ses ombres mineures, son climat doux et feutré, son absence d'éclat et ses répétitions de courtes cellules mélodiques qui enferment l'auditeur dans un univers mélancolique. L'élégance des lignes et les teintes automnales semblent mettre à jour l'identité vraie de l'auteur, dont on devine la personnalité complexe et bien moins frivole que celle usuellement décrite. Camille Saint-Saëns (1835 / 1921) : Sonate pour clarinette et piano "Mr Croche avait coutume, chaque fois qu'il parlait de M. C. Saint-Saëns, d'ôter gravement son chapeau et de dire d'une voix lointaine d'asthmatique : "Saint-Saëns est l'homme qui sait le mieux la musique du monde 4 Os três movimentos que a compõem possuem uma tonalidade e cor dramática próprias. O aspecto rapsódico da forma devido às alterações contínuas de humor é compensado pela estrutura tripartida acentuada de cada um dos movimentos. Desenvolvimentos supérfluos são afastados em benefício de episódios em tom de constante mudança enquanto que o “labor” emático, tradicionalmente requerido, é substituído por um saboroso trabalho de variante, à imagem da melodia do Allegro Tristamente que se adorna de reflexos maiores ou menores, alternadamente alegre, nostálgico ou depressivo. Embora a sonata termine por um allegro é a retenção do tom e o caracter sóbrio e despojado que sobressai em primeiro lugar. Nesta perspectiva a Romanze central comove particularmente pelas suas sombras menores, o seu clima ténue e suave, a ausência de brilho, as repetições de curtas células melódicas que mergulham o ouvinte num universo melódico e melancólico. A elegância das linhas e dos tons outonais parecem trazer à luz do dia a verdadeira identidade do autor onde se adivinha uma personalidade complexa e bem menos frívola do que a usualmente descrita. Camille Saint Saëns (1835/1921) : Sonata para clarinete e piano “ O Sr. Croche tinha o costume de tirar o chapéu, com gravidade, todas as vezes que falava do Sr. C. Saint-Saëns e dizia com uma voz longínqua de asmático: Saint-Saëns é o homem que mais sabe de música no mundo inteiro “. Depois acendia um horroroso pequeno charuto e continuava: “ Saint-Saëns é por definição o músico da tradição. Aceitou as condições de secura e submissão forçada, jamais se permitiu ir mais além do que aqueles que elegeu por mestres”. Apesar de alguma verdade contida nas afirmações irónicas de Debussy, mesmo com o passar dos tempos, a personalidade de Saint-Saëns nunca foi diminuida. Esquecemo-nos amiúde que este último não foi apenas um virtuoso do piano e um improvisador de génio de órgão mas também um escritor, autor de poemas, peças de teatro e de mais de quatrocentos artigos, ensaios ou crónicas, abordando não só a musica mas também a zoologia, a religião, a astronomia e a literatura. E se a justo título se retiveram certas declarações pouco gloriosas do músico (“Às regras elaboradas pouco a pouco, por uma paciente evolução de très séculos sucedeu a negação de qualquer regra, os acordes dissonantes, especiarias preciosas, tornaram-se o pão de todos os dias, regado em vez de vinho com 13 vinagre e licores fortes”) omitem-se outras que surpreendem pela sua abertura de ponto de vista: “Não é com o nosso sistema de meios-tons e notas sinónimas que se encontrará a verdade musical. Quanto muito uma aproximação. Lá virá o tempo em que o nosso ouvido, mais refinado, não se contentará com tão pouco”. Escrita em Paris, entre Maio e Junho de 1921, a Sonata para clarinete e piano testemunha a posição particular do compositor numa época em que a Sagração da Primavera de Stravinsky, o Mandarim Maravilhoso de Bartok ou Pierrot Lunaire de Schoenberg tinham já encontrado o seu público próprio. Saint-Saëns permanece fiel a uma estética com raízes em Schumann, Liszt e uma tradição francesa que remonta a Berlioz: “ Um artista pode-se renovar ; não se pode é virar do avesso como uma luva, adorar o que antes queimou sem dar azo à mais triste palinódia. Continuarei até ao fim a honrar a arte do canto, sem ser seu escravo, a considerar os acordes dissonantes como poderosos meios de expressão A minha natureza e a minha educação fizeram-me assim. Ser-me-ia impossível agir de outra forma ”. Será o pressentimento do fim (Saint-Saëns morrerá em Dezembro desse mesmo ano) ou o fruto de uma longa experiência? A Sonata encanta pela sua poesia crepuscular, o desejo de simplificação das formas, a conjugação de nostalgia e olhar distanciado sobre o mundo contemporâneo. O Lento central, centro de gravidade da obra, surpreende assim pela atmosfera de deploração religiosa, o seu encerramento na tonalidade de mi bémol menor do qual aliás jamais se afasta, o contraponto apertado dos dois instrumentos ou a conclusão apaziguada dos suaves e luminosos harpejos. Às sombras do passado – uma referência ao 2º acto de Sansão e Dalila no primeiro movimento e uma evocação de César Franck (Prelúdio, Coral e Fuga) no Lento – misturam-se digressões tonais e audacias harmónicas ( segundo movimento e final) que remetem para o mundo moderno. O conjunto é apoiado numa arquitectura firme – regresso das primeiras medidas em jeito de conclusão final. Mais do que uma verdadeira vontade cíclica, esta repetição pode ser entendida como uma interrogação sobre o passado, um olhar nostálgico passível de ser assumido como um símbolo. Jean-François Boukobza Tradução de Ana Pola 14 Clarinete do nosso tempo La Clarinette de notre temps Léonard Bernstein (1918 / 90) : Sonate pour clarinette et piano Commencée en 1941 et dédiée à David Oppenheim, la Sonate pour clarinette et piano est achevée l'année suivante, puis créée au mois d'avril 1942 par son auteur. Léonard Bernstein termine alors ses études au Curtis Institute de Philadelphie, où il approfondit sa science du piano et de la direction d'orchestre. Esprit brillant et vif, musicien éclectique, qui publie sous le pseudonyme de Lenny Amber des transcriptions de chansons populaires, Bernstein entend alors mener une triple activité de pianiste, de chef et de compositeur. Un Trio avec piano, une Sonate pour violon, des Etudes pour vents et piano et quelques musiques de scène ont déjà précédé la rédaction de la Sonate, mais seule cette dernière est jugée digne d'être publiée. Cet "opus 1" montre il est vrai, une maturité et une maîtrise technique étonnantes pour un compositeur âgé de moins de vingt-cinq ans. Tout le matériau du premier mouvement provient par exemple du thème initial - une mélodie expressive, caractérisée par ses courbes nobles et ses colorations chromatiques, qui engendre un second élément énoncé par la clarinette sur des accords légers du clavier. A ce souci d'économie s'ajoute une justesse exemplaire des proportions, à l'image du développement central, bref et sans outrance. Le second mouvement montre lui, un agencement habile d'éléments contrastés - ceux d'un andante et ceux d'un scherzo à cinq temps. Les motifs de ces deux épisodes sont étroitement apparentés tandis que la forme combine subtilement alternance de plages lentes et rapides, et disposition en rondo. Robert Muczynski (1929) : Time pieces pour clarinette et piano Compositeur américain, élève de Tcherepnine à l'université de DePaul, Robert Munczynski a fait ses débuts à New-York en 1958 comme compositeur et pianiste. Depuis cette date, il mène une triple activité d'interprète, d'enseignant (à l'université d'Arizona depuis 1965) et de compositeur, auteur d'un catalogue d'œuvres déjà conséquent. Il a illustré tous les genres, depuis la musique de film jusqu'aux ouvrages pour chœur et pour orchestre (Concerto pour piano, Sérénade pour l'été), montrant néanmoins une prédilection pour la musique de chambre et pour les instruments à vents (Sonate pour flûte, Fantasy Trio pour clarinette, violoncelle et piano, Sonate pour saxophone). Les Times pieces ont été rédigées en 1984 à l'intention du clarinettiste Mitchell Lurie. Miniatures expressives 3 ANTÓNIO SAIOTE nasceu em Loures. Terminou o Curso do Conservatório Nacional de Lisboa com 20 valores, na classe do Prof. Marcos Romão dos Reis. Foi bolseiro da Fundação Gulbenkian em Paris, onde estudou com Gúy Deplus e Jacques Lancelot. Em Munique, foi-lhe concedido o Meisterdiplom da Hochschule com Gerd Starke. Estudou com Arturo Tamayo na Universidade de Alcalá de Henares, onde se especializou em Direcção de Música do Séc. XX. Fez também seminários com Georges Hurst, em Canford (Inglaterra), e com Robert Houlian. Foi laureado no concurso Karol Kurpinski (Polónia), primeiro prémio no concurso Artes e Ideias e no concurso Novos Valores da Cultura. Foi solista e músico convidado de várias orquestras e grupos de câmara: Orquestra Mundial da Juventude, Sinfónica de Zurique, S. Carlos, Nice, Rádio Baviera, Sinfónica de Xanghai, Gulbenkian, RDP Lisboa e Porto, Quinteto Artziz, GMCL, Oficina Musical e Ensemble Português de Clarinete (do qual é director). Em concertos de câmara actua em duo com Pedro Burmester. Fez várias estreias mundiais de autores portugueses e estrangeiros. Luciano Berio, Pavarotti, Klaus Thunemann e Karl Leister, são algumas das personalidades que lhe concederam o seu aplauso público. Foi assistente da Orquestra Inter-regional em Bad- Wuttenberg com o maestro Nicolas Pasquet. Já dirigiu a Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra Invicta, Orquestra do Norte, Orquestra Clássica do Porto, Orquestra Sinfónica Portuguesa, ESMAE, Filarmónica das Beiras e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, sendo citado pela critica como "prova de que um excelente clarinetista poderá tornar-se um excelente maestro". É maestro titular e director artístico da Orquestra Académica do Porto. Dirigiu master classes na Alemanha, Brasil, Polónia, França, China, Macau, Bélgica, Hungria, Índia e Espanha. Foi presidente do júri nos concursos de Setúbal, de Gaia, do Prémio Valentino Bucchi (Roma) e membro do júri dos concursos Oktav Poppa (Roménia), Toulon e Sevilha. Dirige neste momento a licenciatura em Clarinete na ESMAE. É presidente da Associação Portuguesa de Clarinete e director artístico dos Solistas do Porto. Antonio Saiote nas suas actuações na Argentina, Brasil, Chile, Bélgica, França, Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, China, etc. .tem sabido despertar sempre o entusiasmo da critica. PEDRO BURMESTER ANTÓNIO SAIOTE Piano Clarinette - Clarinete Contact Duo Saiote/Burmester : Sónia Eirado Monteiro ([email protected]) 2 PEDRO BURMESTER nasceu no Porto onde realisou os estudos com Helena Costa no Conservatório do Porto. Posteriormente deslocou-se aos Estados Unidos tendo ai trabalhado quatro anos com Sequeira Costa, Leon Fleicher e Dmitri Paperno. Paralelamente frequentou diversas Master classes com pianistas como Karl Engel, Vladimir Ashkenasy, T. Nocolaiewa e E. Leonskaya. Ainda muito novo foi premiado em diversos concursos, destacando-se o prémio Moreira de Sá, o 2º prémio Viana da Mota e o prémio especial do júri no concurso Van Cliburn nos Estados Unidos. Iniciou a sua actividade concertística aos 10 anos de idade e desde então já realizou mais de 500 concertos a solo, com orquestra e em diversas formações de música de câmara em Portugal e no estrangeiro. Participou em todos os festivais de música portugueses e no estrangeiro são de realçar apresentações em La Roque d' Anthéron, na Salle Gaveau, no Festival de Flandres, na Frick Collection e 92nd Y em Nova Iorque, na Filarmonia de Colónia, na Gewandhaus de Leipzig, na casa Beethoven em Bona e no Concertgebouw em Amsterdão. São de destacar colaborações com os maestros Manuel Ivo Cruz, Miguel Graça Moura, Álvaro Cassuto, Omri Hadari, Gabriel Shmura, Muhai Tang, Lothar Zagrosek, Michael Zilm, Frans Bruggen e Georg Solti. Pedro Burmester tem vindo nos últimos anos a dedicar-se também à música de câmara. Mantém há dez anos um duo com a pianista Mário Laginha e actua regularmente com os violinistas Gerardo Ribeiro e Thomas Zehetmair, com os violoncelistas Anner Bylsma e Paulo Gaio Lima e com o clarinetista António Saiote. Mais recentemente formou um grupo de pianos e percussões que tem actuado com grande sucesso em diversos festivais e concertos em Portugal. Nos ultimos anos Pedro Burmester actuou em França, na Alemanha, Bélgica, Holanda, no Brasil, Estados Unidos, África do Súl, Canadá e Austrália, ainda realizou uma tournée com a prestigiada Australian Chamber Orchestra. A sua discografia inclui três CD's a solo com obras de Bach, Schumann e Schubert, um disco em duo com Mário Laginha e três gravações com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Em 1998 foi editado um novo CD a solo com obras de Chopin. Já em1999 gravou as dez sonatas para violino e piano de Beethoven com o violinista Gerardo Ribeiro. Foi durante dez anos professor na Escola Superior de Música (ESMAE) no Porto. 15 Clarinete do nosso tempo La Clarinette de notre temps ◆ ANTÓNIO SAIOTE PEDRO BURMESTER Clarinette - Clarinete Piano Clarinete do nosso tempo La Clarinette de notre temps Bernstein Munczinsky Poulenc Saint-Saëns Leonard Bernstein (1918 - 1990) 1 - 2 Sonata para Clarinete e Piano / Sonate pour clarinette et piano ........ 10.38 Robert Munczinsky (1929) 3 - 6 Time Pieces .......................................................................................... 16.27 Francis Poulenc (1899 - 1963) 7 - 9 Sonata para Clarinete e Piano / Sonate pour clarinette et piano ........ 13.14 Camille Saint-Saëns (1835 - 1921) 10 - 12 Sonata para Clarinete e Piano / Sonate pour clarinette et piano ........ 17.04 ◆ ANTÓNIO SAIOTE Clarinette - Clarinete PEDRO BURMESTER Piano